Imagem por Natália Gondim (⍭⍜t⍷m)
Ao explorar o livro "Chafré, un photographe aux Pyrénées, Aulus-Les-Bains, 1880-1914" na mediateca de Aulus-les-Bains, esse vilarejo escondido entre as montanhas dos Pireneus, eu encontrei uma janela para o passado, para a história silenciosa desse lugar.
A fotografia intitulada "Les Grandes Solitudes de l'Étang d'Aubé" prendeu o meu olhar e me fez refletir sobre as muitas vidas que passaram por ali, cada uma consciente da própria existência em meio à grandeza das montanhas e à tranquilidade aparente do vilarejo.
Foto por Natália Gondim (⍭⍜t⍷m)
Ao observar essa imagem, imaginei as inúmeras almas que atravessaram esses terrenos, especialmente durante um dos períodos mais sombrios da história moderna. Aulus-les-Bains, com sua beleza serena, foi um último refúgio para muitas famílias judias que fugiam do nazismo. Ainda que temporiamente tenham encontrado alguma segurança ao migrarem para ali, numa madrugada de quarta-feira essas pessoas foram deportadas para Auschwitz, marcando esse pequeno pedaço de terra como testemunha de um grande e trágico momento histórico da humanidade.
Há uma estranheza na ideia de que um local tão remoto e aparentemente pacífico possa ter sido palco de um momento tão amplo e cruel da humanidade. O tempo, implacável, continua seu curso, transformando esses momentos em memórias que compõem a paisagem desse vilarejo. A História permanece nessa terra, nas suas montanhas silenciosas e água inerte do Étang d'Aubé. A contemplação desse lugar, testemunha de tantas vidas humans que passaram por ali, gera uma sensação de respeito profundo pela imensidão que é a vida e pela natureza ininterrupta da História.
Compartilhar essa experiência com outros artistas na oficina de colaboração audiovisual guiada pela dupla de artistas @hamill_industries me revelou o sentimento de continuidade que a arte exercita em nós, ao capturar e comunicar a essência desses momentos para a construção da nossa memória coletiva.
Foto por @hamill_industries
Alambari por DakhaBrakha ecoa essa mistura de beleza e tristeza evocada pelo presente e passado desse local, criando a sensação sonora que me guiou através do tempo de um mergulho interior diante da presença da memória de Aulus-les-Bains.
Você pode assistir ao vídeo completo da obra ⏂ As Grandes Solitudes do Lago de Aubé, aqui:
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Natália Gondim (⍭⍜t⍷m)
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